sexta-feira, 25 de maio de 2012

Teorias do Texto- As três fases da Linguística

As três fases da Linguística Textual

S[Forma] A LT surgiu na Alemanha, nos anos sessenta do século XX, momento em que o paradigma formal da linguagem, vigente naquela época, centrado na análise exclusivamente interna ao sistema linguístico, deixava de responder adequadamente a vários problemas que se foram instaurando na linguística por uma plêiade de pesquisadores de diferentes linhas de pesquisa. Dentre esses, destacam-se os questionamentos dos neófitos da LT que discutiam o pendor da linguística formal ao ater-se, dentre outras, ao estudo de morfemas {menin - o}, {am – a – va - mos}, fonemas [m, e, n, i, n, a] e frases (centradas no contexto linguístico stricto sensu), arguindo que a linguística devia voltar-se para o estudo do texto. Na tradição, a LT passou por três fases: a análise transfrástica, a construção de gramáticas de textos e a construção das teorias textuais.
Nos dois primeiros momentos, a análise transfrástica e a construção de gramáticas de texto, a preocupação inicial da LT era apenas de descrever os fenômenos sintático-semânticos que ocorriam entre as seqüências de frásticas" (KOCH, 2003, p. 3). Daí, o texto, seu objeto de estudo, ter sido concebido apenas a partir das tessituras frásticas correferenciais, estabelecidas por diferentes elos coesivos textuais (anáforas, elipses, repetições). Trata-se, pois, de "um sistema uniforme, estável e abstrato" ao estender os sistemas já construídos pela "linguística predominante" (BEAUGRANDE, 1997, p. 259-260). De acordo com Koch (2003), tem-se aí um sujeito assujeitado pelo sistema, cujo foco de análise recai exclusivamente ao texto enquanto código, apenas, excluindo, destarte, o indivíduo e todo conhecimento a ele inerente. No caso de uma interpretação textual, por exemplo, o sentido é visto como algo que provém da estrutura, isto é, pela imanência do sistema linguístico.
Das gramáticas de texto, segue-se à fase Construção das teorias textuais, o seu terceiro momento, em que o contexto pragmático ganha relevância para a compreensão do texto.
Esse movimento é comumente denominado de filosofia Analítica que, no século XX, floresceu por meio de duas vertentes, dentre as quais a Escola de Oxford, que se instaurou com a tese de que era necessário examinar a linguagem a partir do uso, ou seja, estudar a linguagem ordinária, a linguagem comum do dia-a-dia, a linguagem em seu processo de comunicação. Caracteriza-se sobremodo por contemplar a seguinte tese: "o significado de uma expressão (palavra, frase) é " o seu uso ou aplicação na linguagem". […] "As palavras só adquirem significado no fluxo da vida; o signo, considerado separadamente de suas aplicações, parece morto, sendo no uso que ele ganha seu sopro vital Alicerçado nos princípios pragmáticos, o texto "passa a ser estudado dentro do seu contexto de produção e a ser compreendido não mais como um produto acabado, mas como um processo, resultado de operações comunicativas e processos linguísticos em situações sociocomunicativas
Coesão e coerência textuais
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão do que se lê / diz.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha imaginária - composta de termos e expressões - que une os diversos elementos do texto e busca estabelecer relações de sentido entre eles.
Dessa forma, com o emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decorre daí a coerência textual.

Há diversas formas de se garantir a coesão entre os elementos de uma frase ou de um texto:
1. Substituição de palavras com o emprego de sinônimos ou de palavras ou expressões de mesmo campo associativo.

2. Nominalização – emprego alternativo entre um verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar / desgaste / desgastante).

3. Repetição na ligação semântica dos termos, empregada como recurso estilístico de intenção articulatória, e não uma redundância - resultado da pobreza de vocabulário. Por exemplo, "Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só." (Rocha Lima)

4. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com base na maior especificidade do significado de um deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais genérico).

. Substitutos universais, como os verbos vicários (ex.: Necessito viajar, porém só o
farei no ano vindouro) A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de conectivos, como certos pronomes, certos advérbios e expressões adverbiais, conjunções, elipses, entre outros.
A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. ... Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
relação entre as duas orações.).

Dêiticos são elementos lingüísticos que têm a propriedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de progressão textual, dada sua característica: são elementos que não significam, apenas indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa.

Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou posterioridade.

Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo ano, depois de (futuro)."

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