quarta-feira, 11 de abril de 2012

A nova era dos gramáticos

A nova era dos gramáticos
As obras do século 21 que abrem espaço a uma nova geração de gramáticos, vinda da linguística Por Luiz Costa Pereira Junior

Gramática de Usos do PortuguêsDe Maria Helena de Moura Neves (Editora Unesp, 2000, 1.073 páginas)
A obra parte da observação dos usos que podem ser confirmáveis no Brasil por meio de pesquisa. Refletindo sobre esses usos, oferece uma organização que os sistematiza. A professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara e do Mackenzie encara a gramática da língua como a responsável pela produção de sentidos na linguagem, pelo entrelaçamento discursivo-textual das relações estabelecidas na comunicação cotidiana. Indicada a professores, a obra se notabilizou como fonte de consulta para planos de aula. Mesmo assim, busca situar o leitor leigo adotando a divisão tradicional em classes de palavras, a que ele está familiarizado na escola, como base de seus capítulos.
Gramática do Português Culto Falado no Brasil (Editora Unicamp, 2007, 5 volumes)
Feita a partir de um corpus composto por gravações com a linguagem falada pela elite escolarizada, reúne o esforço de 32 pesquisadores de 12 universidades, desde 1988. O projeto retoma outra pesquisa, Norma Urbana Culta (NURC), que entre 1970 e 1978 gravou 1.500 horas de falas em cinco capitais (cada hora gravada produz 40 páginas de transcrição). Mas a descrição das gravações só encontrou a devida análise nesta gramática. Até então, os pesquisadores dividiram-se em grupos para entender a oralidade, a morfologia e o uso das palavras, a estrutura das sentenças, a construção dos sons e do sentido. O resultado é uma monumental contribuição à pesquisa.
Gramática da Língua PortuguesaDe Maria Helena Mira Mateus, Ana Maria Brito, Inês Duarte, Isabel Hub Faria (Editora Caminho, 2010, 5ª edição, 312 páginas, 50 euros)
Publicada pela primeira vez em 1983, esta gramática portuguesa está em sua 5ª edição. O significativo trabalho de revisão deu à obra portuguesa maior poder descritivo, estilo menos tecnicista que nas outras edições e cobertura linguística mais ampla. Embora esta gramática não seja normativa, a variedade da língua estudada é a norma-padrão do português europeu: apresenta descrições e análises de aspectos da língua portuguesa. A obra tem o valor adicional para os brasileiros, pois é uma oportunidade de comparar trabalhos de linguistas de países lusófonos.
Gramática do português brasileiroDe Mário Alberto Perini (Parábola Editorial, 2010, 368 páginas, R$ 50)
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Perini criou uma gramática da variante brasileira do português. Ela não é, por isso, normativa (não se propõe instrumento que regule o bom uso da língua). A obra considera a gramática uma disciplina científica, tal como a astronomia e a história. Portanto, não é um conjunto de dogmas, sem espaço para debate, e não faz sentido só aprender uma lista de resultados. O estudo de gramática não leva alguém a ler ou escrever melhor. Por isso, o livro destinado a alunos e professores de letras busca mostrar, em cada caso estudado, por que se adota uma análise e não outra.
Nova Gramática do Português BrasileiroDe Ataliba Teixeira de Castilho (Editora Contexto, 2009, 768 páginas, R$ 70)
Professor da Universidade de São Paulo (USP), Castilho busca um retrato da língua tal como ela é falada no Brasil, com suas variedades. Mapeia as teorias e os diferentes modos como a língua é usada no país, dando a mesma importância de análise científica a fatos linguísticos considerados marginais pelas gramáticas tradicionais, mas em uso na comunidade de falantes do português brasileiro, como "Ni mim", "Tafalano no telefone?" e "Quem que chegou?". Sugere que estudemos não tanto ocorrências arcaicas, mas que se acrescente o estudo de formas de fato usadas diariamente em todo o país.

 Fonte:http://revistalingua.uol.com.br/textos/78/linguistas-no-paiol-dos-gramaticos-255356-1.asp

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