Figuras de palavra ou semânticas representam os
recursos estilísticos dos quais o emissor se utiliza, materializados pelo
emprego de uma palavra pela outra.
Figuras de palavra ou figuras semânticas se
caracterizam pelo emprego de uma palavra pela outra, por haver nelas uma
relação de semelhança
Por ora
falaremos um pouco mais sobre as figuras de palavra. Dessa forma, por que não
contemplarmos alguns fragmentos de um conhecido poema de Mário Quintana, abaixo
descrito?
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
[...]
Mário Quintana
Surge a
pergunta: que relação existe entre os pássaros e os poemas? É justamente na
tentativa de esclarecer tal questão que se encontra a razão de as figuras de
palavras existirem. Sim, pois elas representam os recursos estilísticos
utilizados pelo emissor, os quais consistem no emprego de um termo diferente
daquele tido como convencional (materializado por uma espécie de substituição),
a fim de conferir uma maior expressividade junto à mensagem por ele retratada.
Assim, resta-nos concluir que os pássaros, munidos de toda sua liberdade de
atingir grandes alturas, indo um pouco mais além, assemelham-se à capacidade
imaginativa, ao poder de criação do próprio poeta frente ao trabalho que
realiza com a linguagem.
Assim
sendo, passemos a estabelecer familiaridade com os principais casos que
integram as chamadas figuras de palavra ou figuras semânticas, assim
subdivididas:
Metáfora
A título
de melhor compreendermos as características inerentes a esta figura, observemos
as palavras de Mattoso Câmara, assim expressas:
“Não há, aparentemente, uma relação
real entre as duas palavras, isto é, não se fundamenta numa relação objetiva,
mas sim, numa relação toda subjetiva [...]”.
O
referido autor apenas confirma o que antes dissemos, ou seja, a metáfora se
define pelo emprego de uma palavra por outra, em virtude de haver entre elas
(mesmo não sendo real) certa semelhança. Assim, podemos perfeitamente
aproveitar as palavras de Quintana para exemplificá-la, ou seja:
“Os poemas são pássaros que chegam”...
Comparação
Podemos
afirmar que a comparação apenas se distingue da metáfora pelo fato de nela
haver conectivos comparativos de forma explícita, retratados por “assim como,
tal qual, tal como, que nem, feito”, bem como por alguns verbos, como é o caso
de “parecer, assemelhar-se”, entre outros. Vejamos:
“Cabelos tão escuros como a asa da
graúna”. (José de
Alencar)
Metonímia
Figura
que se caracteriza pela substituição de uma palavra por outra, em virtude de
haver entre elas algum grau de semelhança, proximidade de sentido ou implicação
mútua. Assim, tal substituição fundamenta-se numa relação objetiva, podendo se
manifestar de distintos modos, entre eles:
a) a causa pelo efeito:
Vivemos
do nosso trabalho. (do produto do trabalho, fazendo referência ao alimento)
b) o efeito pela causa:
O poeta
bebeu a morte. (referindo-se ao veneno)
c) o instrumento pela pessoa que o
utiliza:
Aquele
garoto é um bom garfo (comilão, guloso)
d) o autor pela obra:
Minha
paixão é ler Castro Alves. (a obra de Castro Alves)
e) o continente pelo conteúdo:
Tomamos
dois copos de suco. (o conteúdo que continha no recipiente)
f) o concreto pelo abstrato:
A verdade
sempre vencerá. (os que dizem a verdade)
g) o inventor pelo invento:
Einstein
possibilitou a teoria da relatividade. (a invenção de Einstein)
h) a parte pelo todo:
O bonde
passa cheio de pernas...(Drummond)
i) a marca pelo produto:
Só
tomamos Bohemia (a cerveja da marca Bohemia)
j) singular pelo plural:
Os direitos
da mulher devem ser respeitados. (os direitos de todas as mulheres)
l) o material pelo objeto
O soar
dos bronzes anuncia a procissão. (os sinos)
m) o nome próprio pelo nome comum (o
indivíduo pela espécie):
Ele se
revelou como um judas. (traidor)
Catacrese
Trata-se
de uma figura que em virtude de seu contínuo se tornou cristalizada, perdendo
assim seu caráter estilístico. É como afirma Othon M. Garcia "é
uma espécie de metáfora desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de
inovação, de criação individual e pitoresca. Dessa forma, afirmamos que o uso
da catacrese se dá pela falta de não haver um termo específico para designar um
conceito, tomando-se outro emprestado”. Para exemplificar, eis alguns fragmentos do poema
de José Paulo Paes:
Inutilidades
“Ninguém coça as costas da cadeira.
Ninguém chupa a manga da camisa.
O piano jamais abandona a cauda.
Tem asa, porém não voa, a xícara.
De que serve o pé da mesa se não anda?
E a boca da calça, se não fala nunca?
Nem sempre o botão está na sua casa.
O dente de alho não morde coisa alguma.
Ah! Se trotassem os cavalos do motor…
Ah! Se fosse de circo o macaco do carro…
Então a menina dos olhos comeria
Até bolo esportivo e bala de revólver”.
Sinestesia
Caracteriza-se
por mesclar em uma mesma expressão as sensações percebidas pelos diferentes
órgãos do sentido. Exemplificando, observemos alguns fragmentos extraídos de
uma criação simbolista:
Cristais
[...]
Como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas
Em lânguida espiral que iluminava,
Brancas sonoridades de cascatas...
Tanta harmonia melancolizava.
[...] (grifos nossos)
Cruz e Souza
Antonomásia
Define-se
pela expressão que designa um ser por meio de uma qualidade ou atributo, e até
mesmo por meio de um fato que o tornou célebre. Assim, constatemos alguns
casos:
O Rei do
futebol. (Pelé)
O Mestre dos Mestres (Jesus)
O Poeta da Vila (Noel Rosa)
Fonte:Site Brasil Escola
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