Nelson Rodrigues
"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."
Nelson Rodrigues nasceu da
cidade do Recife - PE, em 23 de agosto de 1912, quinto filho dos catorze que o
casal Maria Esther Falcão e o jornalista Mário Rodrigues puseram no mundo. Os
nascidos no Recife, além do biografado, foram Milton, Roberto, Mário Filho,
Stella e Joffre. No Rio de Janeiro nasceram os outros oito: Maria Clara,
Augustinho, Irene, Paulo, Helena, Dorinha, Elsinha e Dulcinha.
Seu pai, deputado e jornalista do
Jornal do Recife, por problemas políticos resolve se mudar para o Rio de
Janeiro, onde vem trabalhar como redator parlamentar do jornal Correio da
Manhã. Em julho de 1916, d. Maria Esther e filhos chegam ao Rio de Janeiro
num vapor do Lloyd.
Haviam vendido tudo no Recife para
cobrir as despesas de viagem, e tiveram que ficar hospedados na casa de Olegário
Mariano por algum tempo. Em agosto de 1916 alugaram uma casa na Aldeia Campista,
bairro da Zona Norte da cidade, na rua Alegre, 135, onde a família Rodrigues
teve seu primeiro teto na cidade.
Nelson ia sendo criado dentro
do clima da época: as vizinhas gordas na janela, fiscalizando os outros
moradores, solteironas ressentidas, viúvas tristes, com as pernas amarradas com
gazes por causa das varizes. Naquela época os nascimentos eram assistidos por
parteiras de confiança e eram feitos em casa. Os velórios também eram feitos em
casa, usava-se escarradeira e o banho era de bacia. Nelson registrava em
sua memória esse cenário. Daí sairiam os personagens de sua obra
literária.
Com o autor vivendo seu quarto ano de
vida, um fato pitoresco: uma vizinha, d. Caridade, invade a sua casa e diz para
sua mãe: "Todos os seus filhos podem freqüentar a minha casa, dona
Esther. Menos o Nelson." Como ninguém entendesse a razão de tal
proibição, ela afirmou: vira Nelson aos beijos com sua filha Odélia, de
três anos, com ele sobre ela, numa atitude assim, assim. Tarado!
Aos sete anos, em 1919, pediu a sua
mãe para ir à escola. Foi matriculado na escola pública Prudente de Morais, a
dois quarteirões de sua casa. Aprendeu a ler rapidamente e era por isso
elogiado por sua professora, d. Amália Cristófaro. Infelizmente não era muito
asseado e vivia sendo repreendido por ela. O que, no entanto, causava espécie,
era sua cabeça — desproporcional em relação ao tronco — e suas pernas
cabeludas.
Em 1920 ocorreu um fato que, depois,
se transformou num dos favoritos do escritor: o do concurso de redação na
classe. D. Amália passou a lição: cada aluno deveria escrever sobre um tema
livre. A melhor redação seria lida em voz alta na classe. Finda a aula, as
composições foram entregues. A professora quase foi ao chão com o trabalho de
Nelson: era uma história de adultério. O marido chega em casa, entra no
quarto, vê a mulher nua na cama e o vulto de um homem pulando pela janela e
sumindo na madrugada. O marido pega uma faca e liquida a mulher. Depois
ajoelha-se e pede perdão. A redação, apesar do espanto que causou em todo o
corpo docente, não tinha como não ser premiada, muito embora não pudesse ser
lida na classe. A professora inventou um empate e leu a outra
composição.
Nesse período, Nelson
presenciou grandes discussões entre seus pais, causadas por ciúmes que seu
genitor tinha de sua mãe. Influenciado por seus irmão mais velhos, passou a ter
a leitura como passatempo, saindo rapidamente do Tico Tico para romances
mais "pesados" como Rocambole, de Ponson du Terrail, Epopéia do
Amor, Os Amantes de Veneza e Os Amores de Nanico, de Michel
Zevaco, O Conde de Monte Cristo e as Memórias de um Médico, de
Alexandre Dumas, os fascículos de Elzira, a Morta-Virgem, de Hugo de
América, e outros mais. Mudavam os autores, mas no fundo era uma coisa só: a
morte punindo o sexo ou o sexo punindo a morte.
Foi em 1919 que o autor descobriu o
Fluminense. Foi o primeiro ano do tricampeonato do tricolor, muito embora nem
ele nem seu irmão Mário Filho, posteriormente famoso como jornalista esportivo e
que teve seu nome escolhido para ser o nome oficial do estádio do Maracanã,
tivessem dinheiro para sair da rua Alegria e se deslocarem até Laranjeiras para
ver o seu time jogar.
Consolidado seu prestígio junto a
Edmundo Bittencourt, do Correio da Manhã, Mário Rodrigues junta sua
família e muda-se para a Tijuca, fato que, na época, era mostra de nítida
melhora de padrão de vida. Estávamos em 1922.
O autor seguia sua vida, sentindo a
ausência do pai, sempre envolvido com a política e o jornalismo. No ano de 1926
foi expulso do Colégio Batista, na Tijuca, na segunda série do ginásio, por
rebeldia. Nelson vivia contestando seus professores, em especial dos de
Português e História. Foi, então, matriculado no Curso Normal de Preparatórios,
na rua do Ouvidor, pois seu pai esperava que ele futuramente prestasse exames no
famoso Colégio Pedro II.
Para compensar a falta de contato com
os filhos, Mário Rodrigues permitia sua ida ao Correio da Manhã para
visitá-lo. Dizem que jamais sonhou em ter seus filhos jornalistas: as meninas
seriam médicas, os meninos advogados. Afinal, a vida que levava não era nada
fácil: nomeado diretor do jornal, meteu-se numa batalha entre Epitácio Pessoa e
Artur Bernardes, o que lhe custou um ano de cadeia, em 1924. O motivo: denunciou
que usineiros pernambucanos (eles já existiam!) haviam dado um colar no valor de
120 contos de réis à esposa do então presidente Epitácio Pessoa, d. Mary.
Negando-se a fugir do país, ficou preso no Quartel dos Barbonos, na rua Evaristo
da Veiga, no Rio de Janeiro. A partir da data de sua prisão o jornal que dirigia
— Correio da Manhã — foi silenciado pelo governo por oito
meses.
Antes de seu pai ser preso, Nelson
e família haviam mudado para uma casa na rua Inhangá e eram vizinhos do
hotel Copacabana Palace. Ali, aos doze anos, o autor aprendeu a nadar. Mas, aos
poucos, à medida em que entrava na adolescência, foi sendo possuído por uma
indolência melancólica, ficando depressivo, suspirando pelos cantos e dizendo:
"Eu sou um triste!".
Durante o tempo em que esteve preso,
Edmundo Bittencourt cortou o salário de Mário Rodrigues, dando à mãe de
Nelson apenas o suficiente para pagar o aluguel da casa. Mário foi
ajudado financeiramente, nessa época, por Geraldo Rocha (proprietário do jornal
A Noite, concorrente do Correio da Manhã), sem o que sua esposa e
a penca de filhos por certo teriam passado fome. Ao ser libertado, volta ao
jornal e é surpreendido com a notícia de que não haveria mais um diretor
permanente, cargo esse que detinha. Seria feito um rodízio de diretores. Mas
pior do que isso foi o fato de tomar conhecimento de que Edmundo estava tentando
se aproximar de seu desafeto Epitácio Pessoa. Mário, em carta desaforada, pediu
demissão a Edmundo, dizendo que em breve voltaria para esmagá-lo. Daí surgiu seu
próprio jornal, A Manhã.
Nelson inicia sua carreira
jornalística em 29 de dezembro de 1925, como repórter de polícia, ganhando
trinta mil réis por mês. Tinha treze anos e meio, era alto, magro e seus cabelos
eram indomáveis. Embora fosse filho do patrão, teve que comprar calças compridas
para impor respeito aos colegas de redação.
Ali reuniam-se colaboradores
ilustres: Antônio Torres, Medeiros e Albuquerque, Agripino Grieco, Ronald de
Carvalho e Maurício de Lacerda. Além desses, havia a turma da casa: Danton
Jobim, Orestes Barbosa, Renato Viana, Joracy Camargo, Odilon Azevedo e Henrique
Pongetti. Outra figura de A Manhã era Apparício Torelly — Apporely
— que mais tarde se autodenominaria "Barão de Itararé" e fundaria seu
próprio jornal, A Manha.
O autor impressiona os colegas com
sua capacidade de dramatizar pequenos acontecimentos. Especializou-se em
descrever pactos de morte entre jovens namorados, tão constantes naquela
época.
Na zona preta do Mangue, na rua Pinto
de Azevedo, estavam concentradas as prostitutas mais pobre e esculhambadas,
negras na maioria, a dois mil réis por alguns minutos. Mas o autor preferiu as
da rua Benedito Hipólito, mais asseadas e que ficavam em ambientes melhores,
embora o preço subisse para cinco mil réis. Ali, aos catorze anos, Nelson
foi pela primeira vez com uma mulher para dentro de um quarto. Ficou
freguês.
O indomável escritor cria um tablóide
de quatro páginas intitulado Alma Infantil,nascido da troca de cartas com
seu primo Augusto Rodrigues Filho, que não conhecia pessoalmente e que morava no
Recife. Ele queria ser como seu pai, um espadachim verbal. Depois de cinco
números e muitos ataques a políticos pernambucanos e a cariocas, Nelson
desiste do tablóide.
A irmã Dorinha morre em setembro de
1927, aos nove meses, de gastrenterite. Em 1928 a família se transfere para uma
nova e luxuosa casa na rua Joaquim Nabuco, 62, em Copacabana. Viviam um momento
de muito dinheiro e muita fartura.
Nessa época, o autor e seus irmãos
mais velhos trabalhavam no jornal A Manhã: Milton era o secretário,
Roberto ilustrava algumas reportagens, Mário Filho começou como gerente, indo
depois para a página literária e depois a de esportes. Nelson havia
abandonado desde 1927 a terceira série do ginásio no Curso Normal de
Preparatórios. Nunca mais voltou à escola, apesar do esforço desenvolvido por
seu pai.
Tendo garantido uma coluna assinada
na página três do jornal — a página principal — o escritor publica seu primeiro
artigo, em 07 de fevereiro de 1928. Tinha o título de "A tragédia de
pedra...", com as solenes reticências. Depois vieram "Gritos
Bárbaros", "O elogio do silêncio", "A felicidade", e
"Palavras ao mar", todos de grande sensibilidade poética. Seu lado
monstro só apareceu na crônica de 16 de março, "O rato..." (com as
famosas reticências), em que ele conta como viu um rato morto, achatado por um
carro, defronte à Biblioteca Nacional. Para desespero de seu pai, começa a
"bater" em Ruy Barbosa. No segundo artigo em que esculhambava o "Águia de Haia",
antevendo o que aconteceria, Nelson achou que se safaria de seu pai se
saísse bem cedo de casa, antes que o "velho" lesse o jornal. Enganou-se. O
castigo foi mais duro do que ele imaginava: foi rebaixado, saindo da página três
e retornando à seção de polícia, onde trabalhou nos cinco meses
seguintes.
Mal teve tempo de voltar à terceira
página e o pior acontece. O jornal, mal administrado, está cheio de dívidas. O
sócio de seu pai, Antônio Faustino Porto, que há tempos vinha arcando com os
pagamentos urgentes, torna-se sócio majoritário e oferece o emprego de diretor a
Mário. Este aceita, mas fica só um dia. A intervenção do novo dono em seus
artigos faz com que ele e a família deixem o jornal.
Amigo de Melo Viana, vice-presidente
da República, no dia em completava 43 anos, 21 de novembro de 1928, e apenas 49
dias depois de perder A Manhã, Mário Rodrigues lançou seu novo jornal de
grande sucesso: Crítica, que chegou a ter uma circulação de 130.000
exemplares.
O tenente-coronel Carlos Reis manda a
polícia prender todos os Rodrigues que encontrasse, sob a alegação de que um
deles era o mandante do assassinato do argentino Carlos Pinto, repórter de A
Democracia. Foram, pai e irmãos, todos presos. Nelson escapou por não
se encontrar no Rio, em viagem para o Recife, única forma encontrada pela
família para tentar livrá-lo da depressão em que se encontrava. Cheio de
paixões, ora por Lilia, ora por Carolina e ora por Marisa Torá, estrela da
companhia teatral de Alda Garrido.
Ao lado dos primos Augusto e Netinha
(com quem mantinha há algum tempo namoro epistolar), conheceu Recife e Olinda, a
praia da Boa Viagem e, com Augusto, a zona de mulheres do Cais do Porto,
considerada a maior da América do Sul. Sua prima, não se sabe como, tirou-o da
depressão, fazendo-o voltar a todo vapor para a redação da
Crítica.
Em 26 de dezembro de 1929 o jornal
estampa matéria, na primeira página, sobre o desquite de Sylvia e José Thibau
Jr. Foi a fórmula encontrada para o diário não sair sem assunto, já que era o
primeiro dia após o natal. No dia 27, pela manhã, Sylvia entra na redação da
Crítica procurando por Mário Rodrigues. Não o encontrando, pede para
falar com seu filho Roberto e dá-lhe um tiro no estômago. Nelson viu e
ouviu aquilo tudo. Com dezessete anos e quatro meses, era a primeira cena de
violência brutal que presenciava. Seu irmão faleceu no dia 29.
Ninguém conseguirá penetrar no teatro
de Nelson Rodrigues sem entender a tragédia provocada pela morte de
Roberto. No mesmo dia do enterro, toda a família pôs luto. Os homens ainda
podiam sair à rua de terno escuro ou com o fumo na lapela, mas suas irmãs se
cobriram de preto da cabeça aos pés. Milton, o irmão mais velho, ia para o porão
do palacete, antigo território de Roberto, apagava as luzes e ficava horas no
escuro — à espera de um milagre que o fizesse vê-lo e ouvi-lo. Nelson
apenas chorava. Joffre, de catorze anos, ganhou um revólver de Mário
Rodrigues e passou a andar armado pela cidade à noite. Sabia que Sylvia tivera
sua prisão relaxada. Se a encontrasse, a mataria.
Apenas 67 dias após a morte do filho,
Mário Rodrigues sofre, aos 44 anos, uma trombose cerebral. Faleceu dias depois
de encefalite aguda e hemorragia. Diante de tão sentidas perdas a família não
encontra mais condições de morar na mesma casa. Mudam-se para outra casa na rua
Sousa Lima, também em Copacabana. Um bafo de sorte surge: Júlio Prestes, que
fora elogiado e defendido pela Crítica, vence Getúlio Vargas nas eleições
para a presidência da República. Mas o que eles queriam era destruir quem matara
Roberto e, por conseqüência, Mário. Sylvia foi absolvida por 5 a 2. O julgamento
foi encerrado no dia 23 de agosto, exatamente quando Nelson completava 18
anos.
Estoura a revolução, em 3 de outubro,
no Rio Grande do Sul, Minas e quase todo o Nordeste. Crítica, num erro de
avaliação, continua a atacar os rebeldes. Em 24 de outubro Washington Luís é
deposto e a turba saiu cedo para acertar as contas com os jornais do velho
regime. As redações e oficinas de diversos jornais são invadidas e empasteladas.
Dentre elas, a do jornal dos Rodrigues. De todos eles só um não voltaria a
circular: Crítica. Isso sem contar que Milton e Mário Filho foram
novamente presos, porém logo libertados.
Os irmãos começam a procurar emprego,
coisa que para eles não estava nada fácil. Foram meses batendo em portas
fechadas. Começaram a vender tudo o que tinham para poder sobreviver e, devido
ao aluguel sempre atrasado, eram obrigados a mudar de casa a cada três
meses. Até que um dia uma porta se abriu para Mário Filho e os outros irmãos
penetraram por ela.
Irineu Marinho havia fundado o jornal
O Globo em 1925, mas, apenas 21 dias após o jornal circular pela primeira
vez, morreu de enfarte. Roberto Marinho, filho de Irineu, era o sucessor natural
mas achou-se muito inexperiente para comandar um jornal. Chamou um velho
companheiro de seu pai, Euricles de Matos, para tocar o negócio. Mas, em maio de
1931 Euricles também faleceu e Roberto Marinho convida Mário Filho para assumir
a página de esportes de O Globo. Mário aceitou, desde que pudesse levar
seus irmãos Nelson e Joffre. Roberto Marinho deu seu "de acordo" com a
condição de só pagar o ordenado a Mário Filho.
Nelson trabalhou alguns meses
no jornal O Tempo. Joffre foi para A Nota, onde já trabalhava o
outro irmão, Milton. O escritor era chamado de "filósofo" pelos colegas de O
Globo, tinha um aspecto desleixado, um só terno e não vestia meias por não
tê-las. Com a ajuda de Mário Martins e o beneplácito de Roberto Marinho, Mário
Filho lança seu jornal, Mundo Esportivo, justo no fim do campeonato de
futebol. Sem ter assunto, inventaram algo que seria uma mina de dinheiro anos
depois: o concurso das escolas de samba.
Em 1932 o autor teve sua carteira
assinada em O Globo, um ano após começar a trabalhar naquele diário, com
um ordenado de quinhentos mil réis por mês. Entregava todo o dinheiro para sua
mãe e recebia uns trocados de volta para comprar seus cigarros (média de quatro
carteiras por dia). Em compensação, economizava pois voltava de carona com o
"Dr. Roberto" para casa. Para arranjar mais algum dinheiro, trabalhou como
redator da firma Ponce & Irmão, distribuidora no Rio dos filmes da RKO Radio
Pictures. Criava textos para os anúncios dos filmes nos jornais.
Nesse meio tempo, tinha suas paixões:
por Loreto Carbonell, argentina de olhos azuis, bailarina do Municipal; por Eros
Volúsia, filha da poetisa Gilka Machado, também bailarina, linda e jovem
morena. Dividia com seu irmão Joffre a paixão por ela. Depois vieram Clélia, uma
estudante de Copacabana e Alice, professora de Ipanema.
A tosse seca e uma febre baixa, porém
persistente, ao por do sol, foram os avisos dados a Nelson, além de sua
magreza. Sua irmã Stella, já médica, arranjou uma consulta. O médico pediu que
ele dissesse "33" e verificou sintomas de tuberculose pulmonar, o grande
fantasma do ano de 1934. Por falta de um diagnóstico precoce, o autor já havia,
com apenas 21 anos, arrancado todos os dentes e posto dentadura, numa tentativa
de debelar a febre que insistia em não ir embora.
Vai, então, para Campos do Jordão -
SP, local recomendado para tratamento, sozinho, sem saber se voltaria. Foi a
primeira de uma série de seis internações. Roberto Marinho, sabendo das
dificuldades da família, continuou pagando seu ordenado normalmente. Nelson
passou 14 meses no Sanatórinho, de abril de 1934 a junho de 1935. Durante
esse período só os irmãos Milton e Augustinho foram visitá-lo uma única
vez. Compensava a ausência de parentes e amigos com cartas, muitas delas para
Alice, a professorinha.
Contam que, em 1935, um doente propôs
encenarem um teatrinho. O biografado foi encarregado de escrever a comédia, um
"sketch" cômico sobre eles mesmos. Logo nas primeiras cenas a platéia começou a
gargalhar e, com isso, surgiram os ataques de tosse que quase fizeram
vítimas. Foi a primeira experiência "dramática" de Nelson.
O autor pede ao secretário do jornal
O Globo que o transfira da página de esportes para a de cultura. Queria
escrever sobre ópera. Com a ajuda de Roberto Marinho consegue a transferência e
começa arrasando a "Esmeralda", ópera brasileira do compositor Carlos de
Mesquita. Foi sua única incursão nessa área.
Em abril de 1936, a terrível doença
atacou seu irmão Joffre, com 21 anos, que foi levado para o Sanatório em
Correias - RJ. Nelson ficou a seu lado durante sete meses. No dia 16 de
dezembro de 1936 Joffre faleceu.
Em 1937 a redação do jornal só tinha
homens. Após muita conversa Roberto Marinho concordou em contratar Elza
Bretanha, apadrinhada do diretor administrativo, como secretária de Henrique
Tavares, gerente de O Globo Juvenil. Voltando de sua segunda estada em
Campos de Jordão, Nelson foi informado da presença de Elza, "dezenove
anos, moradora do Estácio e dura na queda." Ele, então, sentenciou: "Está
no papo." Errou.
Nelson se aproxima de Elza,
expõe sua situação de penúria de saúde e financeira, e fala em
casamento. Consultada sua família, não encontrou objeção. Afinal, já tinha 25
anos. A mãe de Elza, d. Concetta, siciliana das boas, quase teve um ataque,
tendo a honra de ter sido acompanhada nisso por Roberto Marinho. Ele disse a
Elza: "Está sabendo que vai se casar com um rapaz muito inteligente e de
grande talento, mas pobre, absolutamente preguiçoso e doente? Sua mãe está
coberta de razão!" Mesmo assim marcaram para se casar no dia do aniversário
de Elza: 08 de maio de 1939. Se fosse preciso, fugiriam. Porém, em 13 de maio,
mandou para a noiva um recado que dizia: "Amor, estou com a alma cheia de
pressentimentos tristes". Era a tuberculose que o atacava
novamente.
Nos quatro meses em que ficou
internado, Nelson mostrou seu lado ciumento. Vivia atormentado com isso
e, na volta, acabou desfazendo o noivado. Mas o coração falou mais forte do que
o infundado ciúme e marcaram novamente o casamento, contrariando a mãe da noiva
e o patrão de ambos.
No dia 29 de abril de 1940, sem
externar qualquer anormalidade, Elza saiu para trabalhar, foi para a casa de uma
amiga onde trocou de roupa e casou-se no civil, diante do juiz. Depois, foram
comemorar tomando uma média com torrada na leiteria "Palmira". Voltaram para
O Globo Juvenil e trabalharam normalmente. Haviam acertado, por vontade
de ambos, que a noite de núpcias só aconteceria após o casamento
religioso.
Os irmãos de Elza ficaram sabendo e
falaram até em matá-lo. Nelson, com a alma leve, alugou uma casinha no
Engenho Novo. Era sua volta ao subúrbio. Compraram móveis de segunda mão e
Mário, o irmão, lhe deu de presente a cama de casal e a penteadeira. Finalmente
d. Concetta dá o "de acordo" e o casamento religioso se realiza, em 17 de maio,
após o autor, com quase 28 anos, ter sido batizado, fazer a primeira comunhão e
estudado o catecismo, como manda a santa madre Igreja.
Após seis meses de casamento, certa
manhã Nelson acorda e comunica a Elza que estava cego. Não enxergava
nada. Descobriu, indo ao médico, que se tratava de uma seqüela da tuberculose.
Tomou muito antiinflamatório, melhorou, mas 30 por cento de sua visão estava
perdida para sempre, nos dois olhos. Apesar do estado de penúria em que se
encontravam, o focalizado pediu a Elza que deixasse o emprego quando se
casassem. Logo que pode comprou um telefone e ligava para ela de hora em
hora. Saudades ou ciúme? Nelson procurava uma saída para seu aperto
financeiro. Elza estava grávida e seu salário estava estagnado nos 500 mil réis
mensais. Um dia, ao passar em frente ao Teatro Rival, viu uma enorme fila que se
formava para assistir "A família Lerolero", de R. Magalhães Júnior.
Alguém comentou: "Esta chanchada está rendendo os tubos!" Uma luz se
acendeu na cabeça do autor: por que não escrever teatro?
No meio do ano de 1941 escreveu sua
primeira peça, A mulher sem pecado. Nessa época as peças ficavam, no
máximo, duas semanas em cartaz. Nelson oferece sua peça para dois grandes
artistas de então: Dulcina e Jaime Costa, mas eles a recusam. O autor,
necessitando de dinheiro, começou a se mexer: submeteu a peça a Henrique
Pongetti, Carlos Drummond de Andrade e ao crítico Álvaro Lins. Mas não conseguiu
encená-la.
Nasce Joffre, seu primeiro filho. O
autor, por ordens médicas, não podia ficar perto do filho. Descobre que foi
premiado com uma úlcera do duodeno. O médico lhe prescreve regime alimentar e
manda que ele pare de tomar café e de fumar, coisa que nunca fez. Depois de
muita luta, em 09 de dezembro de 1942, A mulher sem pecado foi levada à
cena pela "Comédia Brasileira", com direção de Rodolfo Mayer, no Teatro Carlos
Gomes, no Rio de Janeiro. Lá ficou por duas semanas e não teve repercussão
nenhuma perante o público. Alguns críticos e amigos elogiaram, e isso bastava ao
autor.
Em janeiro de 1943 Nelson
escreve sua segunda peça teatral: Vestido de Noiva. Elza, sua mulher,
fez mais de vinte cópias datilografadas para serem entregues a jornalistas,
críticos e amigos. O primeiro a receber foi Manuel Bandeira. Ele gostou. Como
outros, escreveu sobre ela e elogiou. Os jornais e suplementos falavam sobre
Vestido de Noiva mas o autor não conseguia encená-la. Todos diziam que
era uma peça que exigia cenário complexo e teria custo muito alto. Só Thomaz
Santa Rosa, um pernambucano ex-funcionário do Banco do Brasil, cantor lírico,
desenhista, músico e poeta, achou que era possível. Falou então com um polonês
recém-chegado ao Brasil: Zbigniew Ziembinski.
O grande ator e diretor leu a peça e
disse: "Não conheço nada no teatro mundial que se pareça com isso". O autor
conhece o diretor e tem início a epopéia do grupo "Os Comediantes": oito meses
de ensaios, oito horas por dia. Às 20h30 do dia 28 de dezembro de 1943, os
portões foram abertos e 2.205 espectadores viram a peça. Duas horas depois a
peça chegou ao fim. O silêncio foi total na platéia. Nos bastidores ninguém
sabia o que fazer. Ziembinski, entre palavrões em polonês, manda subir o
pano. Os artistas surgem e o aplauso é ensurdecedor. O diretor aparece e o
teatro delira. Alguém grita na platéia: "O autor, o autor". Nelson estava
escondido em um camarote, lutando contra a dor de sua úlcera, e não foi visto
por ninguém. Disse, depois, que sofreu naquele momento, sentindo-se "um
marginal da própria glória". Quando o autor, após as comemorações com
a família na leiteria "Palmira", pegou o bonde de volta para casa já eram quase
duas da manhã de 29 de dezembro de 1943. Naquele momento completavam-se catorze
anos da morte de seu irmão Roberto.
Apesar da fama que a peça lhe deu — o
ano de 1944 foi cheio de acontecimentos — ele continuava sendo mal pago pelo
O Globo Juvenil. Em fevereiro de 1945 é convidado por David Nasser, de
O Cruzeiro, para uma conversa com Freddy Chateaubriand. Foram almoçar,
além do autor, Freddy Chateaubriand, Millôr Fernandes e David Nasser. A oferta
era inacreditável: cinco contos de réis (já nessa época cinco mil cruzeiros) —
mais de sete vezes o que lhe pagava Roberto Marinho.
Para ele estava fechado, mas pediu
para falar com o dr. Roberto, a quem devia favores. Esse não só não se opôs como
desejou-lhe boa sorte e deu-lhe dez mil cruzeiros. Nelson foi para seu
novo emprego: diretor de redação das revistas Detetive e de O
Guri. Como a função lhe tomava pouco tempo, o autor ficava perambulando pela
redação da revista O Cruzeiro, que era no mesmo andar. Sempre procurando
fazer "bicos" que permitissem um ganho extra — continuava a ajudar sua mãe
financeiramente — soube que Freddy Chateaubriand estava querendo comprar um
folhetim francês ou americano para O Jornal, que estava com uma tiragem
de apenas 3.000 exemplares por dia e sem anúncios. Nelson ofereceu-se
para escrever o folhetim. Daí nasceu Suzana Flag e Meu destino é
pecar.
Cada episódio tomava uma página
inteira de O Jornal e tinha uma ilustração de Enrico Bianco. Foram 38
capítulos que elevaram a tiragem do jornal para quase trinta mil
exemplares. Apesar de estar ganhando um extra por capítulo, o autor não gostava
que soubessem que escrevia com pseudônimo feminino. Quando a história terminou,
o sucesso foi tão grande que foi lançado um livro pelas Edições O
Cruzeiro. Calcula-se que a venda tenha ultrapassado a trezentos mil livros.
Isso provocou o começo de outro folhetim, Escravas do amor, cujo sucesso
foi também retumbante.
Em março de 1945 é atacado,
novamente, pela tuberculose. O ano anterior havia sido ótimo: além do lançamento
em livro do Vestido de noiva, ele via seu filho crescer com saúde e Elza
esperava um novo filho. Resolveram ir todos para Campos de Jordão, inclusive a
sogra, d. Concetta. Depois de uma semana viram que aquilo não fazia sentido e a
família retornou. Em junho teve alta e, face à proximidade do parto de sua
mulher, voltou correndo para o Rio. Nasceu, então, Nelsinho. Vale dizer que os
Associados arcaram com todas as despesas de seu empregado no
Sanatórinho.
Nos dois últimos meses de 1945 e nos
dois primeiros meses de 1946 o grupo "Os Comediantes" encenou Vestido de
noiva e A mulher sem pecado no Teatro Phoenix, com lotação esgotada.
Começa a escrever, então, Álbum de família. Em fevereiro de 1946 o texto
é submetido à censura federal e os censores ficam de cabelos em pé. A peça foi
proibida de ser encenada. As opiniões se dividiam entre os intelectuais, os
críticos e os jornalistas da época, uns a favor da liberação outros
contra. Venceram os contra, pois a peça só foi liberada em 1965 e levada pela
primeira vez em julho de 1967.
Outro sucesso de 1946 foi a
publicação de Minha Vida, uma "autobiografia" de Suzana Flag. Como
das vezes anteriores, além de publicada em O Jornal, virou livro e vendeu
horrores.
Anjo negro, estréia em abril
de 1948. Como sempre, gerou comentários polêmicos. Os ganhos com a peça
permitiram que o autor comprasse uma casa no Andaraí, que teve parte financiada
no IAPC (Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários). Nelson
tinha 36 anos e ficara livre do aluguel. Senhora dos afogados é
proibida em janeiro de 1948. Com duas peças interditadas, o autor luta como um
mouro para tentar liberá-las. Não conseguindo, escreve Dorotéia, em 1949,
que muitos consideram seu melhor trabalho teatral.
Ainda em 1948 é publicado mais um
folhetim, Núpcias de fogo, ainda como Suzana Flag.
Uma mulher chama a atenção do autor
nas coxias do Teatro Phoenix, quando da encenação de Anjo negro: era
Eleonor Bruno, conhecida como Nonoca, linda "mingnonne", tímida, recatada
e soprano lírico, que estava ali para tomar conta de sua filha de apenas 13
anos, Nicete, que estreava como atriz. Embora nunca reclamasse, seu casamento
não ia bem, e ele foi aceito por Nonoca e por toda sua família. Alugou um
apartamento pequeno em Copacabana, em sociedade com o amigo Pompeu de Souza,
para servir-lhes de "garçonnière", até que num dia de 1950 sua esposa
Elza bateu na porta, fez um escândalo e ele voltou com o rabo entre as pernas
para casa. Seu romance com Nonoca terminou ali.
Em 1949 Freddy Chateaubriand vai
comandar o jornal "Diário da Noite" e leva Nelson consigo. Para trás fica
Suzana Flag, que o autor não agüentava mais. Em seu lugar surgiu
Myrna, a nova máscara feminina do biografado. A diferença é que Myrna
respondia a cartas de leitoras.
Nelson escreveu a comédia
Dorotéia para Nonoca. Foram duas as estréias como atrizes: de Nonoca e da
irmã do autor, Dulcinha, aos 21 anos, no papel de Das Dores. Com medo de que a
censura o atingisse novamente, o autor submeteu-lhe o texto como sendo um
"original de Walter Paíno" — cunhado de Nonoca. A peça foi aprovada e estreou no
dia 07 de março de 1950. Ao fim da apresentação, metade da platéia (onde estavam
os convidados) aplaudiu e a outra saiu calada. Ficou 13 dias em
cartaz.
Em 1950 o autor dá adeus a Freddy
Chateaubriand e aos "Diários Associados" e fica esperando convites de
outros jornais. Ficou um ano esperando... Nesse período, salvam a família as
economias de Elza e um "bico" no Jornal dos Sportes de seu irmão Mário
Filho. No ano seguinte sai do buraco e vai para a Última Hora e "A
vida como ela é...". Começou com um salário de dez mil cruzeiros,
considerado não tão ruim, tendo em vista seu baixíssimo prestígio naquela
época.
Em junho Nelson estréia uma
nova peça, "Valsa nº. 6", um monólogo estrelado por sua irmã Dulcinha. Ficou
quatro meses em cartaz e foi outra desilusão para seu autor.
Samuel Wainer, dono do jornal
Última Hora tinha algo em comum com o biografado: a tuberculose. Propõe
ao autor que escreva, com pagamento extra, uma coluna diária sobre um fato
real. Poderia se chamar "Atire a primeira pedra". Nelson sugeriu
"A vida como ela é..." e, sugestão aceita, foi para a máquina escrever a
primeira coluna. O sucesso foi estrondoso. Em 1951 relançou Suzana Flag
em "O homem proibido".
Um dia, na rua Agostinho Menezes,
onde então Nelson morava, um marido banana que era chutado como um cão
pela esposa e ainda a bajulava, cansou-se do tratamento que vinha recebendo e,
no meio da rua, deu uma sova de cinto na cara-metade. É claro que a vizinhança
correu para ver o fato, sendo que as mulheres gritavam: "Bate mais, bate
mais". O marido bateu até se cansar, parou, e então o inesperado aconteceu: a
mulher atirou-se aos seus pés, aos beijos. E, desde aquele dia, passou a
desfilar com o ex-banana, de braço dado e nariz empinado, toda orgulhosa. Ao
ouvir os comentários das vizinhas que tinham apoiado maciçamente a surra,
Nelson concluiu: "Toda mulher gosta de apanhar".
Em 08 de junho de 1953 estréia no
Teatro Municipal do Rio a peça "A falecida". Chamada de "tragédia
carioca" era, na verdade, uma comédia. Foi escrita em 26 dias. Nessa época
Nelson mantinha um romance com Yolanda, secretária de um radialista da
rádio Mayrink Veiga. Esse caso durou cinco anos e rendeu três filhos: Maria
Lúcia, Sônia e Paulo César, que ele não reconheceu como seus. Com tudo isso
acontecendo, o autor produziu o último folhetim de "Suzana Flag", que
chamou-se "A mentira" e foi publicado no semanário "Flan", lançado
por S. Wainer.
Carlos Lacerda queria derrubar o
presidente Getúlio e, para tanto, batia firme em Samuel Wainer e no jornal
Última Hora. Nelson não escapava da pancadaria e era chamado de
"tarado" por ele. Outro que também o atacava era o católico Gustavo Corção, da
Tribuna da Imprensa.
"Senhora dos Afogados" é
encenada no Rio, em 1954, com direção de Bibi Ferreira. A platéia, ao final,
dividiu-se e uma parte gritava "GÊNIO" e a outra "TARADO". O autor não agüentou
e reagiu à platéia, gritando do palco: "BURROS! BURROS!".
Em março de 1955 a família Rodrigues
ganha uma ação contra o governo de indenização pela destruição do jornal
"Crítica". Em 1956 recebem o equivalente a US$1.800.000,00. A parte que
coube ao autor foi utilizada na compra de um apartamento em Teresópolis em nome
dos filhos e de um carro para Elza. O que sobrou, investiu no teatro.
"Perdoa-me por me traíres"
teve, também, problemas de liberação com a censura, em 1957 — sofreu cortes.
Outra surpresa ocorreu na estréia: Nelson interpretava o personagem Raul.
Mais uma vez as vaias e os que aplaudiam pediam para o autor falar. Ele não se
fez de rogado: "BURROS! ZEBUS!". Ninguém esperava, mas aconteceu: um tiro! Na
discussão entre prós e contras, o vereador Wilson Leite Passos sacou de seu
revolver e deu um tiro para amedrontar alguém que o havia chamado de
"palhaço". Tumulto geral. No dia seguinte a censura proibiria a peça.
"Viúva, porém honesta" estreou
em 13 de setembro do mesmo ano. Dizem que nela o autor procurava atingir aos
críticos que atacaram "Perdoa-me por me traíres". Um dos atores era Jece
Valadão, cunhado do autor.
Dercy Gonçalves estréia
"Dorotéia" em São Paulo. Ficou um mês em cartaz. Nelson não
gostava dos "cacos" que a atriz introduzia no texto.
Em 1958 estréia "Os sete
gatinhos", também com Jece Valadão no elenco. Apesar de malhar o presidente
da República da época, Juscelino Kubitschek, Nelson vai até ele pedir um
emprego. Consegue um cargo de tesoureiro em um instituto de aposentadoria e
pensões (IAPETEC), mas é reprovado no exame de vista. Pede, então, a vaga para
Elza. Juscelino queria agradar Mário Filho e a nomeia.
O autor teve sério problema de
vesícula e, após a operação de alto risco, ficou três meses sem publicar sua
coluna no jornal de Wainer. Sua coluna em "A Manchete Esportiva" deixa de ser
publicada de novembro de 1958 a março de 1959.
De agosto de 1959 a fevereiro de
1960, centenas de milhares de leitores acompanharam a história de
Engraçadinha e sua família em "Asfalto Selvagem". Foram publicados
dois livros, intitulados "Engraçadinha — seus amores e seus pecados dos doze
aos dezoito" e "Engraçadinha — depois dos trinta".
O autor almoçava com sua mãe quase
todo dia. Tomava o ônibus na Central do Brasil e ia até o Parque Guinle. Um dos
motoristas gostava de exibir-se: tinha vinte e sete dentes na boca, mas eram
todos de ouro. Nelson juntou esse fato ao bicheiro do submundo carioca,
Arlindo Pimenta, e dai surgiu o "Boca de Ouro"
A peça, como todas as demais, teve
problemas com a censura. Foi levada para estrear em São Paulo e foi um
retumbante fracasso. Ziembinski insistiu em viver o papel principal e não deu
certo. Em janeiro de 1961, com Milton Morais no papel do "Boca de Ouro", estréia
no Rio com grande sucesso.
Ainda no final de 1960 o autor
entrega a Fernanda Montenegro e a seu marido Fernando Tôrres a peça "Beijo no
asfalto". O espetáculo estava a um mês e meio em cartaz quando Jânio Quadros
renunciou à presidência da República. Ficou sete meses em cartaz, pelo Brasil.
Ela provocou a saída de Nelson da "Ultima Hora", pois nela fazia
referências pouco positivas à imagem do jornal. Voltou ao "Diário da
Noite" com "A vida como ela é" e, após dez meses, em julho de 1962,
foi para "O Globo", com a coluna de futebol, "À sombra das chuteiras
imortais".
Apresentado por sua irmã Helena,
Nelson conhece Lúcia Cruz Lima, que logo passa a ser sua namorada. Só que
desta vez a coisa era séria. Casada e bem casada, mãe de três filhos, ela logo
se apaixona, deixa o marido e volta a viver com os pais. Ele demora dois anos
para se separar de Elza. Seus amigos Otto Lara Resende, Fernando Sabino e
Cláudio Mello e Souza ficam chocados. Nos primeiros meses de 1963 nada impedia a
separação do autor. Já havia alugado um pequeno apartamento e Lúcia estava
grávida. Após um almoço de despedida, após o qual Elza tentou suicidar-se, ele
partiu de malas e bagagens para o apartamento de sua mãe. Ia ficar lá uns tempos
até acertar tudo.
Na marquise do Teatro Maison de
France, no Rio, piscava o título da nova peça de Nelson: "Otto Lara
Resende ou Bonitinha, mas ordinária". Otto quase morreu de susto e ficou
profundamente irritado. Ela ficou por cinco meses em cartaz. O autor só não se
conformou de Otto não ter ido assistir ao espetáculo. Ele adorava essas
brincadeiras e fez o mesmo com Fernando Sabino e com Cláudio Mello e
Souza.
Lúcia deu um trato na aparência do
escritor, já que ele participava desde 1960 do programa esportivo "Grande
resenha Facit" na TV Rio, por obra e graça de Walter Clark, e era, portanto,
um artista! Ela teve uma gravidez nada normal e um parto difícil. Daniela, a
filha, nasceu com 1,5 quilo, e não conseguia respirar. Perdeu minutos de
oxigenação no cérebro até que conseguissem fazer seus pulmões funcionarem.
Daniela passaria o primeiro ano de sua vida numa tenda de oxigênio, tinha má
circulação nas pernas, chorava sem parar em virtude das dores que sentia. Devido
à paralisia cerebral nunca conseguiu andar ou articular um movimento e era
irreversivelmente cega.
Nelson escreveu para Walter
Clark a primeira novela brasileira de todos os tempos: "A morte sem
espelho". Apesar do grande elenco — Fernanda Montenegro, Fernando Tôrres,
Sérgio Brito (que também respondida pela direção), Ítalo Rossi, Paulo Gracindo
(que estreava na TV), música de Vinícius de Moraes — não foi autorizada a sua
apresentação às oito e meia da noite. Foi empurrada para o horário das vinte e
três e trinta. Walter Clark apelou, sem sucesso, até para D. Helder
Câmara. Conseguiu, finalmente, autorização para o horário das dez horas, que não
compensava financeiramente. Nelson foi convidado a encerrá-la
rapidamente.
Ficou claro nesse episódio que o
problema era o nome do autor. Na sua novela seguinte, "Sonho de Amor", em
1964, seu nome apareceu mas ela foi anunciada como 'uma adaptação de "O
Tronco do Ipê"', de José de Alencar". Sua última novela para a TV foi "O
Desconhecido", com direção de Fernando Tôrres e Jece Valadão, Nathalia
Timberg, Carlos Alberto, Joana Fomm e outros mais, que só foi liberada graças ao
poder de convencimento de Walter Clark.
Depois de ser renegada por muitas
atrizes, "Toda nudez será castigada" estréia no dia 21 de junho de 1965 e
é um sucesso. Os artistas são aplaudidos em cena aberta, os ingressos são
avidamente disputados e fica em cartaz por seis meses no Teatro Serrador e em
excursão pelo Brasil. Após três anos de apresentações no Rio, São Paulo, Porto
Alegre e Salvador, a peça é proibida em Natal - RN.
Em 1966 o autor muda-se, a convite de
Walter Clark, para a TV Globo. Em situação financeira apertada — como sempre —
aceitou até aparecer como "tradutor" dos romances de Harold Robins, publicados
pela Editora Guanabara. Foi uma forma de receber mais algum dinheiro. A TV Globo
era a "lanterna" na preferência dos telespectadores naquela época. No programa
"Noite de gala" o autor apresentava o quadro "A cabra vadia", onde
entrevistava pessoas. O primeiro foi João Havelange, presidente da CBD -
Confederação Brasileira de Desportos.
Nessa época é chamado por Carlos
Lacerda, ocasião em que é informado da criação da Editora Nova
Fronteira. Lacerda, que o malhou por tanto tempo, pediu-lhe um romance e deu-lhe
um cheque de dois milhões de cruzeiros. Era algo em torno de novecentos dólares,
mas para quem estava pendurado, foi ótimo. Ele escreveu "O Casamento".
Quando Lacerda leu o livro, ficou assustadíssimo Era um carnaval de incestos e
perversões às vésperas de um casamento. Vendeu-o para Alfredo Machado, da
Editora Eldorado. O livro vendeu 8.000 exemplares nas primeiras duas semanas de
setembro de 1966, empatando com as vendas do novo romance de Jorge Amado,
"Dona Flor e seus dois maridos". A morte de seu irmão, Mário Filho,
impediu por algum tempo que ele fizesse a divulgação da obra. Quando reanimou, o
livro teve sua venda proibida pelo ministro da Justiça, Carlos Medeiros Silva.
Sua venda foi liberada novamente em fevereiro de 1967.
Indignado com o apoio dado pelo
jornal "O Globo" à proibição da venda de seu romance, Nelson
começa a estudar sua mudança para o "Correio da Manhã". Avisa que não
pode deixar a TV Globo e, para sua alegria, é informado que não precisaria
deixar nem o jornal "O Globo". O que o "Correio" queria dele eram
as suas "Memórias". A estréia ocorreu em 18 de fevereiro de 1967 em
grande estilo. Fez um sucesso enorme.
Paulinho Rodrigues, irmão do autor,
morava com a família num prédio em Laranjeiras. Chovia a cântaros, dias antes,
e Nelson disse a Cláudio Mello e Souza no Maracanã, assistindo o time do
Santos ganhar do Milan: "Esse é um mau tempo de quinto ato do "Rigoletto'".
Cláudio sabia que o "Rigoletto" não tinha quinto ato e que acabava no terceiro
ato, como a maioria das óperas. Mas entendeu o que o autor queria dizer. No dia
21 de fevereiro de 1967 o prédio onde seu irmão morava desabou devido às
chuvas. Morreram Paulinho, a esposa, filhos e mais alguns parentes que lá se
encontravam para festejar o aniversário da cunhada do escritor. Em dezembro
desse mesmo ano a viúva de seu irmão Mário se suicida.
Raphael de Almeida Magalhães, que já
atuara como advogado de Nelson, é eleito governador do Estado da
Guanabara. A pedido de Otto, e por insistência do biografado, finalmente libera
"Álbum de Família", que estava interditada desde 1946. Só em julho de
1967 foi levada à cena e, apesar do carrossel de incestos, foi aplaudida no
final. Já não tinha o impacto de tempos atrás.
Ele volta ao jornal "O Globo"
passa a publicar "À sombra das chuteiras imortais" e "As
confissões" (já que não podia usar "Memórias"), cada uma patrocinada
por um banco. Como recebia uma comissão por esses patrocínios (mais que o dobro
de seu salário), estabilizou sua situação financeira. A primeira "Confissão"
foi publicada em 04 de dezembro de 1967.
Uma de suas manias era implicar com
os pessoas conhecidas e com amigos. Era do seu estilo alimentar-se
periodicamente de certas obsessões. Como dizia Cláudio Mello e Souza, Nelson
era a "flor de obsessão". Ora Otto, ora Alceu de Amoroso Lima, ora D.
Helder, ora Hélio Pellegrino, ora Cláudio Mello e Souza e quem mais estivesse
por perto.
1970 marca o início dos anos duros da
ditadura militar no Brasil. Nelson, conhecido e admirado pelos militares,
luta para tirar da prisão Hélio Pellegrino e Zuenir Ventura. Com mais de 57
anos, ele se sentia desgastado, sem espaço — seu apartamento vivia lotado de
enfermeiras por causa de sua filha, enfim, era chegada a hora de se separar de
Lúcia, o que ocorreu sem traumas.
Logo em seguida vai morar com Helena
Maria, que era 35 anos mais nova que ele, e que trabalhava com ele no jornal. Em
1972 começa nova luta: seu filho, Nelsinho é um dos terroristas mais procurados
pelas forças armadas. "Prancha" (seu codinome) foi apanhado em 30 de março de
1972. Dois anos antes, quando seu filho já vivia na clandestinidade, Nelson
consegue com o presidente da República, Gal. Medici, que ele saísse do
país. Nelsinho não aceita o privilégio. O drama de Nelsinho se desenrolava longe
dos olhos do autor. Apesar disso, face a seu prestígio e contatos com os
militares, era muito procurado para ajudar pessoas em apuros com o regime
militar. De 1969 a 1973 ele teve participação ativa na localização, libertação
ou fuga de diversos suspeitos de crimes políticos. Após a prisão de Nelsinho,
começa a luta para localizá-lo e procurar mantê-lo vivo, pois a tortura corria
solta.
Nelson escreve "Anti-Nelson
Rodrigues" no final de 1973. Em 1974, a peça fazia bela carreira no teatro
do Serviço Nacional do Teatro. O autor faz alguns exames e é levado de imediato
para São Paulo para ser operado de um aneurisma da aorta. Passou por duas
operações, quase morreu, retornou ao Rio e, apesar de terminantemente proibido
pelo médico, voltou a fumar. Em abril de 1977 é internado com uma arritmia
ventricular grave e nova insuficiência respiratória. Elza volta para casa e
voltam a viver juntos. Na verdade, já se encontravam há tempos quase todas as
noites no restaurante "O bigode do meu tio", em Vila Isabel, de
propriedade de Joffre.
O autor escreveu sua grande e última
peça — "A Serpente" — em meados de 1979, pouco antes de seu filho
Nelsinho iniciar greve de fome com treze companheiros, os últimos presos
políticos cariocas, com a finalidade de transformar a anistia ampla em anistia
total e irrestrita. Finalmente, no dia 23 de agosto, dia do aniversário do
autor, Nelsinho é autorizado a deixar a prisão e assistir ao nascimento da filha
Cristiana. No dia 16 de outubro Nelsinho recebeu a liberdade condicional mas não
pode ver seu pai: estava inconsciente no hospital Pró-Cardiaco.
Nelson Rodrigues faleceu na
manhã do dia 21 de dezembro de 1980, um domingo. No fim da tarde daquele dia ele
faria treze pontos na loteria esportiva, num "bolo" com seu irmão Augusto e
alguns amigos de "O Globo". Dois meses depois, Elza cumpriu o seu pedido
— de, ainda em vida, gravar o seu nome ao lado do dele na lápide, sob a
inscrição: "Unidos para além da vida e da morte. É só".
Livros:
Romances:
- Meu destino é pecar,"O Jornal" -
1944 / "Edições O Cruzeiro" - 1944 (como "Suzana Flag")
- Escravas do amor, "O Jornal" - 1944 / "Edições O Cruzeiro" - 1946 (como "Suzana Flag")
- Minha vida, "O Jornal" - 1946 / "Edições O Cruzeiro" - 1946 (como "Suzana Flag")
- Núpcias de fogo, "O Jornal" - 1948. Inédito em livro. (como "Suzana Flag")
- A mulher que amou demais, "Diário da Noite" - 1949. Inédito em livro. (Como Myrna)
- O homem proibido, "Última Hora" - 1951. "Editora Nova Fronteira", Rio, 1981 (como Suzana Flag).
- A mentira, "Flan" - 1953. Inédito em livro. (Como Suzana Flag).
- Asfalto selvagem, "Ultima Hora" - 1959-60. J.Ozon Editor, Rio, 1960. Dois volumes. (Como Nelson Rodrigues)
- O casamento, Editora Guanabara, Rio, 1966 (como Nelson Rodrigues).
- Asfalto selvagem - Engraçadinha: seus amores e pecados, "Companhia das Letras", São Paulo.
- Núpcias de fogo, "Companhia das Letras", São Paulo. (como Suzana Flag).
- Escravas do amor, "O Jornal" - 1944 / "Edições O Cruzeiro" - 1946 (como "Suzana Flag")
- Minha vida, "O Jornal" - 1946 / "Edições O Cruzeiro" - 1946 (como "Suzana Flag")
- Núpcias de fogo, "O Jornal" - 1948. Inédito em livro. (como "Suzana Flag")
- A mulher que amou demais, "Diário da Noite" - 1949. Inédito em livro. (Como Myrna)
- O homem proibido, "Última Hora" - 1951. "Editora Nova Fronteira", Rio, 1981 (como Suzana Flag).
- A mentira, "Flan" - 1953. Inédito em livro. (Como Suzana Flag).
- Asfalto selvagem, "Ultima Hora" - 1959-60. J.Ozon Editor, Rio, 1960. Dois volumes. (Como Nelson Rodrigues)
- O casamento, Editora Guanabara, Rio, 1966 (como Nelson Rodrigues).
- Asfalto selvagem - Engraçadinha: seus amores e pecados, "Companhia das Letras", São Paulo.
- Núpcias de fogo, "Companhia das Letras", São Paulo. (como Suzana Flag).
Contos:
- Cem contos escolhidos - A vida como
ela é..., J. Ozon Editor, Rio, 1961. Dois volumes.
- Elas gostam de apanhar, "Bloch Editores", Rio, 1974.
- A vida como ela é — O homem fiel e outros contos, "Companhia das Letras", São Paulo, 1992. Seleção: Ruy Castro.
- A dama do lotação e outros contos e crônicas, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A coroa de orquídeas, "Companhia das Letras", São Paulo.
- Elas gostam de apanhar, "Bloch Editores", Rio, 1974.
- A vida como ela é — O homem fiel e outros contos, "Companhia das Letras", São Paulo, 1992. Seleção: Ruy Castro.
- A dama do lotação e outros contos e crônicas, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A coroa de orquídeas, "Companhia das Letras", São Paulo.
Crônicas:
- Memórias de Nelson Rodrigues,
"Correio da Manhã" / "Edições Correio da Manhã", Rio, 1967.
- O óbvio ululante, "O Globo" / "Editora Eldorado", Rio, 1968.
- A cabra vadia, "O Globo" / "Editora Eldorado", Rio, 1970.
- O reacionário, "Correio da Manhã" e "O Globo" / "Editora Record", Rio, 1977.
- O óbvio ululante — Primeiras confissões, "Companhia das Letras", São Paulo, 1993. Seleção: Ruy Castro.
- O remador de Ben-Hur - Confissões culturais, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A cabra vadia - Novas confissões, "Companhia das Letras", São Paulo.
- O reacionário - Memórias e Confissões, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A pátria sem chuteiras - Novas crônicas de futebol, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A menina sem estrela - Memórias, "Companhia das Letras", São Paulo.
- À sombra das chuteiras imortais - Crônicas de Futebol, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A mulher do próximo, "Companhia das Letras", São Paulo.
- O óbvio ululante, "O Globo" / "Editora Eldorado", Rio, 1968.
- A cabra vadia, "O Globo" / "Editora Eldorado", Rio, 1970.
- O reacionário, "Correio da Manhã" e "O Globo" / "Editora Record", Rio, 1977.
- O óbvio ululante — Primeiras confissões, "Companhia das Letras", São Paulo, 1993. Seleção: Ruy Castro.
- O remador de Ben-Hur - Confissões culturais, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A cabra vadia - Novas confissões, "Companhia das Letras", São Paulo.
- O reacionário - Memórias e Confissões, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A pátria sem chuteiras - Novas crônicas de futebol, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A menina sem estrela - Memórias, "Companhia das Letras", São Paulo.
- À sombra das chuteiras imortais - Crônicas de Futebol, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A mulher do próximo, "Companhia das Letras", São Paulo.
FRASES:
- Flor de obsessão: as 1000 melhores
frases de Nelson Rodrigues, "Companhia das Letras", São Paulo, 1997, seleção
e organização: Ruy Castro.
Teatro:
- Teatro completo, "Editora Nova
Fronteira", Rio, 1981-89. Quatro volumes. Organização e prefácios de Sábato
Magaldi.
Peças:
- A mulher sem pecado, 1941 - Direção
Rodolfo Mayer
- Vestido de noiva, 1943 - Direção: Ziembinski
- Álbum de família, 1946 - Direção: Kleber Santos
- Anjo negro, 1947 - Direção: Ziembinski
- Senhora dos afogados, 1947 - Direção: Bibi Ferreira
- Dorotéia, 1949 - Direção: Ziembinski
- Valsa nº.6, 1951 - Direção: Henriette Morineau
- A falecida, 1953 - Direção: José Maria Monteiro
- Perdoa-me por me traíres, 1957 - Direção: Léo Júsi.
- Viúva, porém honesta, 1957 - Direção: Willy Keller
- Os sete gatinhos, 1958 - Direção: Willy Keller
- Boca de Ouro, 1959 - Direção: José Renato.
- Beijo no asfalto, 1960 - Direção: Fernando Tôrres.
- Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária, 1962 - Direção Martim Gonçalves.
- Toda nudez será castigada, 1965 - Direção: Ziembinski
- Anti-Nelson Rodrigues, 1973 - Direção: Paulo César Pereio
- A serpente, 1978 - Direção: Marcos Flaksman
- Vestido de noiva, 1943 - Direção: Ziembinski
- Álbum de família, 1946 - Direção: Kleber Santos
- Anjo negro, 1947 - Direção: Ziembinski
- Senhora dos afogados, 1947 - Direção: Bibi Ferreira
- Dorotéia, 1949 - Direção: Ziembinski
- Valsa nº.6, 1951 - Direção: Henriette Morineau
- A falecida, 1953 - Direção: José Maria Monteiro
- Perdoa-me por me traíres, 1957 - Direção: Léo Júsi.
- Viúva, porém honesta, 1957 - Direção: Willy Keller
- Os sete gatinhos, 1958 - Direção: Willy Keller
- Boca de Ouro, 1959 - Direção: José Renato.
- Beijo no asfalto, 1960 - Direção: Fernando Tôrres.
- Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária, 1962 - Direção Martim Gonçalves.
- Toda nudez será castigada, 1965 - Direção: Ziembinski
- Anti-Nelson Rodrigues, 1973 - Direção: Paulo César Pereio
- A serpente, 1978 - Direção: Marcos Flaksman
Obs.- as peças de Nelson Rodrigues
vêm sendo encenadas por diversas companhias teatrais em todo o Brasil até esta
data.
Novelas de
TV:
- A morta no espelho, TV Rio,
1963
- Sonho de amor, TV Rio, 1964
- O desconhecido, TV Rio, 1964
- Sonho de amor, TV Rio, 1964
- O desconhecido, TV Rio, 1964
FILMES:
- Somos dois, 1950- Meu
destino é pecar, 1952
- Mulheres e milhões, 1961
- Boca de Ouro, 1962
- Meu nome é Pelé, 1963
- Bonitinha, mas ordinária, 1963
- Asfalto selvagem, 1964
- A falecida, 1965
- O beijo, 1966
- Engraçadinha depois dos trinta, 1966
- Toda nudez será castigada, 1973
- O casamento, 1975
- A dama do lotação, 1978
- Os sete gatinhos, 1980
- O beijo no asfalto, 1980
- Bonitinha, mas ordinária, 1980
- Álbum de família, 1981
- Engraçadinha, 1981
- Perdoa-me por me traíres, 1983
- Boca de Ouro, 1990.
- Mulheres e milhões, 1961
- Boca de Ouro, 1962
- Meu nome é Pelé, 1963
- Bonitinha, mas ordinária, 1963
- Asfalto selvagem, 1964
- A falecida, 1965
- O beijo, 1966
- Engraçadinha depois dos trinta, 1966
- Toda nudez será castigada, 1973
- O casamento, 1975
- A dama do lotação, 1978
- Os sete gatinhos, 1980
- O beijo no asfalto, 1980
- Bonitinha, mas ordinária, 1980
- Álbum de família, 1981
- Engraçadinha, 1981
- Perdoa-me por me traíres, 1983
- Boca de Ouro, 1990.
Sobre o
Autor:
- O teatro de Nelson Rodrigues: uma
realidade em agonia, Ronaldo Lima Lins, Editora Francisco Alves/MEC, Rio,
1979.
- O teatro brasileiro moderno, Décio de Almeida Prado, Editora Perspectiva/USP, São Paulo, 1988.
- Nelson Rodrigues - Dramaturgia e Encenações, Sabato Magaldi, Editora Perspectiva/USP, São Paulo, 1987.
- Nelson Rodrigues - Expressionista, Eudinir Fraga, Ed. Atelier, S.Paulo.
- Nelson Rodrigues, meu irmão, Stella Rodrigues, José Olympio Editora, Rio, 1986.
- Nelson Rodrigues: Flor de Obsessão, Carlos Vogt e Berta Waldman, Editora Brasiliense, São Paulo, 1985.
- Amor em segredo - As histórias infiéis que vivi com meu pai, Nelson Rodrigues, Sônia Rodrigues, Editora Agir, Rio de Janeiro, 2005.
- O teatro brasileiro moderno, Décio de Almeida Prado, Editora Perspectiva/USP, São Paulo, 1988.
- Nelson Rodrigues - Dramaturgia e Encenações, Sabato Magaldi, Editora Perspectiva/USP, São Paulo, 1987.
- Nelson Rodrigues - Expressionista, Eudinir Fraga, Ed. Atelier, S.Paulo.
- Nelson Rodrigues, meu irmão, Stella Rodrigues, José Olympio Editora, Rio, 1986.
- Nelson Rodrigues: Flor de Obsessão, Carlos Vogt e Berta Waldman, Editora Brasiliense, São Paulo, 1985.
- Amor em segredo - As histórias infiéis que vivi com meu pai, Nelson Rodrigues, Sônia Rodrigues, Editora Agir, Rio de Janeiro, 2005.
Os dados acima foram extraídos de sites na internet, livros do autor e, em especial, do livro "Anjo Pornográfico", escrito por Ruy Castro para a Companhia das Letras, São Paulo, 1992, cuja leitura recomendamos.
Fonte:http://www.releituras.com/nelsonr_bio.asp , último acesso: 29/12/12 às 00:03
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