quarta-feira, 16 de maio de 2012

BIOGRAFIA DE SKINNER

Fonte: Schultz, D, & Schultz, S.(1981). História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cultrix.
Burrhus Frederic Skinner nasceu no dia 20 de Março de 1904 em Susquehanna, Pensilvânia,
onde viveu até ir para o colégio. Segundo seu próprio relato, seu ambiente da infância era estável e
não lhe faltou afeto. Ele freqüentou o mesmo ginásio onde seus pais haviam estudado; havia apenas
sete outros alunos em sua sala ao final do curso. Ele gostava da escola e era o primeiro a chegar todas
as manhãs. Quando criança e adolescente, gostava de construir coisas: trenós, carrinhos, jangadas,
carrosséis, atiradeiras, modelos de aviões e até um canhão a vapor com o qual atirava buchas de batata
e cenoura nos telhados dos vizinhos. Passou anos tentando construir uma máquina de movimento
perpétuo. Também tinha interesse pelo comportamento dos animais. Lia muito sobre eles e mantinha
um estoque de tartarugas, cobras, lagartos, sapos e esquilos listrados. Numa feira rural, ele observou
certa vez um bando de pombos numa apresentação; anos mais tarde, ele treinaria essas aves para
realizar uma variedade de façanhas.
A conselho de um amigo de família, Skinner se matriculou no Hamilton College de Nova
York. Ele escreveu: "Nunca me adaptei a vida de estudante. Ingressei numa fraternidade acadêmica
sem saber do que se tratava. Não era bom nos esportes e sofria muito quando as minhas canelas eram
atingidas no hóquei sobre o gelo ou quando melhores jogadores de basquete faziam tabela na minha
cabeça... Num artigo que escrevi no final do meu ano de calouro, reclamei de que o colégio me
obrigava a cumprir exigências desnecessárias (uma delas era a presença diária na capela) e que quase
nenhum interesse intelectual era demonstrado pela maioria dos alunos. No meu último ano, eu era um
rebelde declarado?.
Com parte dessa revolta, Skinner instigava trotes que muito perturbaram a comunidade
acadêmica e se entregava a ataques verbais aos professores e à administração. Sua desobediência
continuou até o dia da graduação, quando na abertura das cerimônias, o diretor o alertou, e aos seus
amigos, que, se não se comportassem, não colariam grau.
Ele se formou em inglês, recebeu a chave simbólica da Phi Beta Kappa e manifestou o desejo
de tornar-se escritor. Quando criança, tinha escrito poemas e histórias, e, em 1925, num curso de
verão de sobre redação, o poeta Robert Frost fizera comentários favoráveis sobre seu trabalho.
Durante dois anos depois da formatura, Skinner dedicou-se a escrever e então decidiu que não tinha ?
nada importante a dizer?. Sua falta de sucesso como escritor o deixou tão desesperado que ele pensou
em consultar um psiquiatra. Considerou-se um fracasso e estava com sua auto-estima abalada.
Também estava desapontado no amor; ao menos uma meia dúzia de jovens havia rejeitado suas
investidas, deixando-o com o que ele descreveu como intensa dor física. Skinner ficou tão perturbado
que gravou a inicial do nome de uma mulher no braço, onde ela ficou durante anos.
Depois de ler sobre John B. Watson e Ivan Pavlov, Skinner decidiu transferir seu interesse
literário pelas pessoas para um interesse mais científico. Em 1928, inscreveu-se na pós-graduação de
psicologia em Harvard, embora nunca tivesse estudado psicologia antes. Foi para a pós-graduação,
disse ele, ?não porque fosse um adepto totalmente comprometido da psicologia, mas para fugir de
uma alternativa intolerável?. Comprometido ou não, doutorou-se três anos mais tarde. Seu tema de
dissertação dá um primeiro vislumbre da posição a que ele iria aderir por toda a sua carreira. Sua
principal proposição era de que um reflexo não é senão a correlação entre um estímulo e uma
resposta. Depois de vários pós-doutorados, Skinner foi dar aulas na Universidade de Minnesota
(1936?45) e na Universidade de Indiana (1945?47). Em 1947, voltou a Harvard. Seu livro de 1938, ?
O Comportamento dos Organismos?, descreve os pontos essenciais de seu sistema. Cinqüenta anos
mais tarde, esse livro foi considerado ?um dos poucos livros que mudaram a face da psicologia
moderna?, e ainda é muito lido. Seu livro de 1953, ?Ciência e Comportamento Humano?, é o manual
básico da sua psicologia comportamentalista.
Skinner manteve-se produtivo até a morte, aos oitenta e seis anos, trabalhando até o fim com o
mesmo entusiasmo com que começara uns sessenta anos antes. Em seus últimos anos de vida, ele
construiu, no porão de sua casa, sua própria ?caixa de Skinner? ? um ambiente controlado que
propiciava reforço positivo. Ele dormia ali num tanque plástico amarelo, de tamanho apenas
suficiente para conter um colchão, algumas prateleiras de livros e um pequeno televisor. Ia dormir
toda noite às dês, acordava três horas depois, trabalhava por uma hora, dormia mais três horas e
despertava às cinco da manhã para trabalhar mais três horas. Então, ia para o gabinete da universidade
para trabalhar mais, e toda tarde retemperava as forças ouvindo música.
Aos sessenta e oito anos, escreveu um artigo intitulado ?Auto-Administração Intelectual na
Velhice?, citando suas próprias experiências como estudo de caso. Ele mostrava que é necessário que
o cérebro trabalhe menos horas a cada dia, com períodos de descanso entre picos de esforço, para a
pessoa lidar com a memória que começa a falhar e com a redução das capacidades intelectuais na
velhice. Doente terminal com leucemia, apresentou uma comunicação na convenção de 1990 da APA,
em Boston, apenas oito dias antes de morrer; nela, ele atacava a psicologia cognitiva. Na noite
anterior à sua morte, estava trabalhando em seu artigo final, ?Pode a Psicologia ser uma Ciência da
Mente??, outra acusação ao movimento cognitivo que pretendia suplantar sua definição de psicologia.
Skinner morreu em 18 de Agosto de 1990. FIM.

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