quinta-feira, 17 de maio de 2012

Colocação-Gramática Escolar da Língua Portuguesa

Colocação
'' A colocação é um dos aspectos onde a criação individual, que pressupõe uma frase no discurso, é limitada por certos padrões sintáticos, impostos pela língua no indivído.É também onde a liberdade que ela deixa ao indivíduo é aproveitada amplamente para fins de estilística. Assim, há uma colocação sintática-gramatical e a seu lado uma colocação estilística, que se coordenam e complementam.''[MC]
Sintaxe de colocação ou de ordem- é aquela que trata da maneira de dispor os termos da oração e as orações do período.
A colocação, dentro de um idioma, obedece a tendência variadas, quer de ordem estritamente gramatical, quer de ordem rítmica, psicológica e estilística, que se coordenam e completam. O maior responsável pela ordem favorita numa língua ou grupo de línguas parece ser a entonação oracional.
Isto nos leva a uma ordem considerada direta, usual ou habitual, que consiste em enunciar, no rosto da oração, o sujeito, depois o verbo e em seguida os seus completamentos, como vimos antes.
A ordem que sai do esquema svc (sujeito-verbo-complemento) se diz inversa ou ocasional.
Chama-se anástrofe a ordem inversa da colocação do termo subordinado preposicionado antes do termo subordinante:
De teus olhos a cor vejo eu agora. (por: A cor de teus olhos)
Quando a colocação chega a prejudicar a clareza da mensagem, pela disposição violenta dos termos, diz-se que há um hipérbato, que os antogos retóricos diziam ser a expressão da paixão:
''a grita se levanta ao céu da gente por''
''a grita da gente se levanta ao céu.''[MC]
Quando a deslocação cria a ambiguidade ou mais de uma interpretação do texto, alguns autores dão à forma sínquise.
Quando sempres essa deslocação violenta dos termos oracionais exige, para o perfeito entendimento da mensagem, nosso conhecimento sobre as coisas, e saber de ordem cultural:
Abel matou Caim.
Pela lição bíblica não se há de entender que Abel praticou a ação e Caima a sofreu, mas sim o contário.
O ritmo ascendente predominante no português, disposto os termos de acentuação mais fraca e menos significativos antes dos termos mais fortes, estabelece as seguintes normas válidas para as situações em que não predomine a linguagem emocional ou afetiva:
a) os artigos, os pronomes (adjuntos), os quantificadores (com exceção dos cardinais com valor de ordinais) se antepõem:
o livro, um livro, este livro, meu livro, cada livro, três livros
b) a preparação vem antes de um termo nominal ou pronominal:
de noite, a ele
c) o advérbio não é colocado em posição anterior ao verbo:
não quero
d) o verbo auxiliar precede seu verbo principal:
hei de ver, quero dizer, costuma falar
e) o adjetivo monossilábico modificador precede o nome de maior extensão fonética:
bom dia, má hora
f) o ajetivo que exprime forma ou cor vem depois do substantivo, especificando seu conceito e o opondo a outros da espécie:
rua larga, blusa verde
g) vem antes o adjetivo empregado não para designar o seu sentido próprio, mas para atribuir uma significação figurada ou explicativa:
grande homem (em vez de: homem grande)
h) numa sequência de dois adjetivos e um sudstantivo, aqueles aparecem em geral juntos: Bons e estimados livros ou Livros bons e estimados. A quebra de disposição, pondo o substantivo no meio, é recurso comum na poesia, mas também não ausente na prosa artística:
Bons livros e estimados.
''E quando foi noite, a donzela transida de terror e lagrimosa buscou o eremita.''[JR]
i) na sequência dos pronomes sujeitos eu e tu, eu e ele ou entre eu + pronome de tratamento ou substantivo, em geral a série começa com eu:
Eu e ele saímos juntos.
Todavia a inversão é possível (apesar de já ter sido apontada como francesismo), especialmente quando, por delicadeza e educação, se quer dar precedência ao interlocutor:
''Estamos no Milho, o leitor e eu.''[CBr]
''E assim galgamos ele e eu o rochedo.''[ JR ]
Colocação dos termos na oração e das orações no período
A norma sintática do português registra os seguintes casos:
1) Põe-se de ordinário o sujeito (representado por substantivo) depois do verbo, na passiva pronominal:
Alugam-se casas.
Outra posição pode mudar a análise da oração, desde que exista um termo a que nossa tendência anímica atribua a realização da oração. Note-se a diferança contextual entre Abriu-se a porta (voz passiva) e A porta abriu-se (voz ativa).
A norma já não é imperiosa se o sujeito está representado por um pronome:
''Aquilo nunca se vira por ali.''[JL]
2) Nas orações reduzidas de gerúndio e particípio, o sujeito vem depois do verbo na língua contemporânea (Exceto com pronome isto: Isto posto ou Posto isto):
Terminando o discrurso, dirigiu-se ao hotel
Terminado o discurso, dirigiu-se ao hotel
3) O verbo vem no início das orações que indicam existência(ser, existir, haver, fazer), tempo, peso, medida:
Era uma vez um príncipe
Existiam várias razões.
Houve discussão.
Faz três anos que não o vejo.
São várias horas de distância.
Faltam dois dias para a festa.
4) O verbo vem no inicío das subordinadas condicionais e concessivas sem transpositor:
Tivesse-me ele dito a verdade, tudo acabaria bem
Acabasse falando comigo, mesmo assim não lhe pedoaria
5) Nas orações intercaladas de citação, o sujeito vem de ordinário depois do verbo:
Suma-se - ordenou o policial
6) Nas interrogações introduzidas por pronomes e advérbios (quem, que o que, quanto, qual, como, quando, onde, por que), o verbo vem em geral antes do sujeito, desde que este não seja o pronome interrogativo:
Quem veio aqui? (quem sujeito)
De quem falava você quando chegamos?
Como foi ele passar nessa encrenca?
Usa-se ainda, neste caso, o sujeito antes do verbo ou a palavra interrogativa no fim da oração:
De quem você falava?
Ele comprou o quê?
OBSERVAÇÃO:
Na pergunta retórica costuma-se pôr o sujeito antes do verbo em construção do tipo: O médico aconselhou esta dieta, e você seguiu?7) Nas orações exclamativas, de sentido optativo ou não, é frequente o sujeito vir depois do verbo:
Como era verde o meu vale!
Viva o rei! (construção fixa)
8) As orações subordinadas subjetiva e predicativa vêm normalmente depois do verbo regente:
Consta que o trem atrasou.
Ficou patente que o progresso começara.
É aconselhável que não se retirem agora.
O certo é que tentaremos a sorte.
9) A oração subordinada adverbial causal iniciada por como vem em geral no ínicio do enunciado de sua principal:
Como o tempo melhorou, sairemos agora.
10) Numa sequência de pronome átonos, vem em primeiro lugar o que funciona como objeto indireto seguido do objeto direto:
Eu vo-lo darei.
Nunca lho dissemos.
OBSERVAÇÃO:
Nas ocorrências com o pronome se + me, te, lhe, nos, vos, o se vem sempres em primeiro lugar:
Não se me afiguram boas as soluções.
Pouco se nos dá esse tipo de solução
 
11) Não raro se intercala, mais na poesia, uma ou mais palavras entre o pronome átomo em próclise e o verbo, fenômeno a que a gramática antiga chamava apossínclise.
''Eram grandes raids, entradas, como se então dizia.'' [AAr]
12) Diante de negação, o pronome átono pode vir depois do advébio não:
Ele não me disse. Ele me não disse.(Rara entre brasileiros, mas é impossível em texto liteário. É um dos tipos de apossínclise.)
13) Nas orações em que entra verbo intransitivo parece haver preferência da posposição do sujeito, como indica esta passagem de Garrett:
''Assim passaram meses, assim correu o Inverno quase todo, e já as amendoeiras se toucavam de suas alvíssimas flores de esperança, já uma de outra iam renascendo as plantas, iam abrolhando as árvores; logo vieram as aves trianando seus amores pelos ramos... insensivelmente era chegado o mês de abril, estávamos em plena Primavera.''[AGa]
14)Por elegância ênfase de expressão, pode-se deslocar para antes do pronome relativo o predicativo da oração adjetiva:
 
Exercício de Fixação
1. Assinale com um (x) dentro dos parênteses a oração cujos termos sintáticos estão dispostos em oredem direta:
1) ( ) As suas palmas mais novas abria o ouricuri.
2) ( ) O ouricuri abria mais novas as suas palmas.
3) ( ) Mais novos o ouricuri abria as suas palmas.
4) ( ) O ouricuri abria as suas palmas mais novas.
5) ( ) O ouricuri as suas palmas mais novas abria.
2. Assinale com um (x) dentro dos parênteses o caso em que se desobedece à norma usual de colocação em protuguês:
1) ( ) Alugam-se casas.
2) ( ) Nada aianta, concluiu o interessado.
3) ( ) Faz três anos que não o vejo
4) ( ) Era uma vez um rei que não tinha bom conselheiro
5) ( ) A ordem executada, retiro-se.
3. Assinale a declaração falsa sobre a colocação usual dos termos sintáticos em português:
1) ( ) Nas interrogações introduzidas por pronomes e advébios, o verbo vem em geral antes do sujeito, desde que este não seja o pronome interrogativo.
2) ( ) Nas orações reduzidas de gerúndio e particípio, o sujeito vem depois do verbo.
3) ( ) A preposição vem antes do termo que subordina.
4) ( ) O verbo auxiliar vem depois do verbo principal.
5) ( ) Põe-se em geral o sujeito depois do verbo que está na passiva pronominal.
4. Assinale o exemplo qm que a posição do adjetivo antes e depois do substantivo não altera fundamentalmente o sentido da expressão:
1) ( ) Corre um grande perigo. / Corre um perigo grande
2) ( ) É um grande homem. / É um homem grande
3) ( ) Amigo certo. / Certo amigo.
4) ( ) ''(...) eu não seou propriamente um autor defunto, / mas um defunto autor.''[MA]
5) ( ) Em algum tempo fiz isso. / Em tempo algum fiz isso.

 

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